EJA MÓDULO IV BRASIL REPÚBLICA: A REPÚBLICA VELHA: "O CANGAÇO".
O CANGAÇO
O
cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorrido em quase
todo o sertão do Nordeste do Brasil, entre o século XVIII e meados do século
XX.
Seus
membros vagavam em grupos, atravessando estados e atacando cidades, onde
cometiam pilhagens, assassinatos e estupros.
Para
muitos especialistas, o cangaço nasceu como uma forma de defesa dos sertanejos
diante de graves problemas sociais e da ineficácia do Estado em manter a ordem
e aplicar a lei.
Um dos
principais líderes do cangaço foi Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião.
O termo
cangaço vem da palavra canga, uma peça de madeira usada para prender junta de
bois a carro ou arado, conhecida também como jugo.
Por
volta de 1834, o termo cangaceiro já era utilizado para se referir a bandos de
camponeses pobres que habitavam os desertos do nordeste brasileiro, vestindo
roupas de couro e chapéus, carregando carabinas, revólveres, espingardas e
facas longas e estreitas, conhecidas como peixeiras.
O termo
Cangaceiro era uma expressão pejorativa, que designava a pessoa que não podia
se adaptar ao estilo de vida costeira.
Por
esta altura naquela região, havia dois principais grupos de bandidos armados
frouxamente organizados: os jagunços, mercenários que trabalhavam para quem
pagou o seu preço, geralmente proprietários de terras que queriam proteger ou
expandir seus limites territoriais e também lidar com os trabalhadores rurais e
os cangaceiros, bandidos sociais, que tinham algum nível de apoio da população
mais pobre, com os bandidos sustentando alguns comportamentos benéficos, como
atos de caridade, a compra de bens por preços mais altos e promovendo bailes.
A
população fornecia abrigo e as informações que os ajudavam a escapar das forças
policiais, conhecidos como volantes, enviados pelo governo para detê-los.
O
Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços
caracterizados para os latifundiários- os satisfatórios, expressão de poder dos
grandes fazendeiros.
Os cangaceiros independentes, com
características de banditismo.
Os
cangaceiros conheciam bem a Caatinga, por isso era fácil fugir das autoridades.
Estavam
sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas
medicinais, as fontes de água, locais com alimentos, rotas de fuga e lugares de
difícil acesso.
O
primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de
Melo Calado, Jesuíno Brilhante, que agiu por volta de 1870, nas proximidades da
cidade de Patu e entre a divisa dos estados do Rio Grande do Norte e Paraíba,
embora alguns historiadores atribuam a Lucas Evangelista o feito de ser o
primeiro a agregar um grupo característico de cangaço, nos arredores de Feira de
Santana, em 1828, sendo ele preso junto com a sua quadrilha em 28 de janeiro de
1848, por provocar, durante vinte anos, assaltos contra a população de Feira.
O
último grupo cangaceiro famoso foi o de Corisco (Cristino Gomes da Silva
Cleto), morto em 25 de maio de 1940
Bando de Virgínio Fortunato da Silva, vulgo
"Moderno", em 1936.
História do cangaço
Consta que o primeiro homem a agir como cangaceiro teria sido o Cabeleira, como era chamado José Gomes.
Nascido
em 1751, em Glória do Goitá, cidade da zona da mata pernambucana, ele
aterrorizou sua região.
Mas foi
somente no final do século XIX que o cangaço ganhou força e prestígio,
principalmente com Antonio Silvino, Lampião e Corisco.
Entre
meados do século XIX e início do século XX, o Nordeste do Brasil viveu momentos
difíceis, aterrorizado por grupos de homens que espalhavam a violência por onde
andavam.
Eles
eram os cangaceiros, bandidos que abraçaram a vida nômade e irregular de
malfeitores por motivos diversos.
Alguns
deles foram impelidos pelo despotismo das mulheres poderosas.
Lucas
da Feira, ou Lucas Evangelista, agiu na região da cidade baiana de Feira de
Santana entre 1828 e 1848.
Ele e
seu bando de mais de 30 homens roubavam viajantes e estupravam mulheres.
Foi
enforcado em 1849.
No ano
de 1877, em meio a estiagem, destaca-se no sul do Ceará as ações do cangaceiro
João Calangro, que chefiava um bando que atuava em todo o Cariri.
Calangro
era um capanga do grupo de Inocêncio Vermelho, que tinha o apoio do juiz do
município de Jardim. Com a morte de Inocêncio Vermelho, João Calangro lidera um
séquito de cangaceiros, que em virtude de seu nome, passam a ser intitulados de
calangos.
Após
muitos embates, João Calangro, que jactava-se de ter cometido 32 homicídios,
foge para Piauí, e a partir de então o desfecho de seu destino torna-se ignoto
concernente aos registros sobre o mesmo.
Os
cangaceiros conseguiram dominar o sertão durante muito tempo, pois eram
protegidos de coronéis, que se utilizavam deles para cobrança de dívidas, entre
outros serviços sujos.
Um caso
particular foi o de Januário Garcia Leal, o Sete Orelhas, que agiu no sudeste
do Brasil, no início do século XIX, tendo sido considerado justiceiro e honrado
por uns, e cangaceiro por outros.
No
sertão, consolidou-se uma forma de relação entre os grandes proprietários e
seus vaqueiros.
A base
desta relação era a fidelidade dos vaqueiros aos fazendeiros. O vaqueiro se
disponibilizava a defender, de armas na mão, os interesses do patrão.
Como as
rivalidades políticas eram grandes, havia muitos conflitos entre as poderosas
famílias, que se cercavam de jagunços para defesa, formando assim verdadeiros
exércitos. Porém, chegou o momento em que começaram a surgir os primeiros
bandos armados, livres do controle dos fazendeiros.
Os
coronéis tinham poder suficiente para impedir a ação dos cangaceiros.
O
cangaceiro, em especial Lampião, tornou-se personagem do imaginário nacional,
ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para
dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que
questionava e subvertia a ordem social de sua época e região.
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